sexta-feira, 24 de junho de 2011

FESTAS JUNINAS: CORPUS CRISTI - SÃO JOÃO -


PASSEANDO NO HAIKAI-L

Festa de São João
depois do Corpus Cristi
- o melhor do inverno
ade


 
 Dia de São João
bandeirolas coloridas
enfeitam o vento

- josé marins



No dia de São João 
quentão e muita dança
- agita a fogueira
ade

[HAIKAI-L] Corpus Christi

Seguindo a procissão de Haikais...


A Tv desligada
As Crianças dormindo...
Noite de oração!

Rodrigo Vieira Ribeiro


O Corpo de Cristo
Seguido pelos fiéis
Passa pelas ruas.

Nelson Savioli 



passa o Corpus Christi --
sobre o tapete desfeito
segue o cadeirante
-
josé marins- 2011


 
Em 23/05/08, Ade.Reis
  Minha contribuição :
I
  tapete florido
  ao longo da procissão
- canta a madeira moída
  II

 fé de hora marcada
  cordão de gente - rosas celebram
  promessa de redenção
III
rosas e serragens
  desenham com seus corpos
  o caminho dos homens
IV

  imenso tapete
  de rosas, cantos, contrições
  - gente pacificada
ade

  Ateu extasiado.
"Procissão de Corpus Christi,
  beleza divina."

  Nelson Savioli


  Kaki Net
2008   
Para: HAIKAI-L
[HAIKAI-L] Corpus Christi

  Amigos da Haikai-L:

  A obra Natureza - Berço do Haicai, de Goga e
  Teruko, registra palavras e expressões que
  remetem às quatro estações do ano. Quando usadas
  para escrever haicais, são conhecidas por kigos
  (kigo [jap.] = palavra de estação). Datas
  comemorativas, civis e religiosas, também marcam
  sua época, e por isso constituem-se em kigos.

  Nossa sociedade, cada vez mais laica, vê
  progressivamente esvaziarem-se do significado
  religioso original suas antigas comemorações,
  hoje mais lembradas como dias para descanso.
  Natal, Paixão e Páscoa ainda conservam um pouco
  desse significado, por serem baseadas em aspecto
  concretos da vida de Jesus, e por isso facilmente
  assimiláveis: nascimento, morte e ressureição.
  Mas o que significa o Corpus Christi?

  Não é uma comemoração associada diretamente a
  nenhuma das etapas da vida de Jesus na Terra,
  como são as datas anteriormente mencionadas, e
  nem associada à vida de santos católicos,

como as populares Festas Juninas.

  O Corpus Christi, que significa Corpo de Cristo,
  é uma comemoração instituída pela Igreja medieval
  para celebrar o sacramento da Eucaristia, que por
  sua vez representa a última ceia de Jesus com
  seus apóstolos na Quinta-feira Santa. Nesse dia,
  segundo a Bíblia, Jesus repartiu o pão, dizendo:
  "Isto é o meu corpo que é dados por vós. Fazei
  isto em minha memória" (Lucas, 22:19).

  A Eucaristia representa um dos mistérios mais
  caros aos católicos (e a muitos outros cristãos):
  a transubstanciação, isto é, a transformação real
  (e não apenas simbólica) do pão (ou hóstia) no
  corpo, e do vinho no sangue de Jesus.

  Foi pela necessidade de reafirmar e realçar a
  experiência da Eucaristia que o papa Urbano IV
  instituiu em 1264 a solenidade do Corpus Christi,
  a ser comemorada sempre numa quinta-feira, num
  paralelismo com a Quinta-feira Santa em que ocorreu a Última Ceia.

  Note-se o caráter festivo do Corpus Christi, em
  comparação com a atmosfera de luto antecipado da
Quinta-feira Santa, por causa da morte de Jesus no dia seguinte.

  No Brasil (e parece que também em Portugal), o
  Corpus Christi é marcado por procissões, sendo
  que em muitas cidades ocorre o costume de se
  enfeitar as ruas por onde aquelas passam com
  desenhos multicoloridos feitos de serragem,
  folhas e pétalas de flores, atraindo muitos
  turistas. Numa breve pesquisa pela internet, não
  encontrei esse hábito em outros países. Na
  Inglaterra, tapetes de flores são desenhados
  sobre o corredor central das igrejas. Aliás, a
  igreja anglicana parece ser a única, além da
  católica, que reconhece a festividade.

  Na Grande São Paulo, é muito famoso o tapete
  colorido de 850m de extensão da cidade de Santana
  de Parnaíba, local que, além disso, conserva o
  maior conjunto arquitetônico colonial do estado
  de São Paulo, com mais de duzentas construções
  datadas dos séculos 17 e 18. Os tapetes de Ouro
  Preto e Florianópolis também são famosos. Em Cabo
  Frio (RJ), o tapete é feito de sal grosso.

  Seguem-se alguns exemplos de haicais. Convido os
  amigos a postarem as suas próprias tentativas.



  Pisoteando petalas, 
no dia de Corpus Christi,
  pes fieis caminham.
  Alberto Murata

  Corpo de Cristo:
  no rastro da procissao,
  petalas ao vento...
  Mario Kassawara

  O vento da tarde
  espalhou pela avenida
  o corpo de Cristo.
  Sérgio Pichorim

  Paz & Bem
Adeir




Dia de São João
bandeirolas coloridas
enfeitam o vento
josé marins

junto com o vento -
crianças passam na calçada
em trajes caipiras
- josé marins



  2007
13 de Jun de
 

Êta nóis!
Si dipendê do alegramento du cumpadi
Rogér, u mêis de jun vai sê  uma só festança.

alegria junina
nas banderinha di cor
ô anisete bâo!

zé marins

Amigos,

E viva o santo casamenteiro! 
Outros santos em breve terão suas homenagens.
Algumas cenas das festas juninas do meu Brasil.

I
o caipira embalou
sua noite com quentão
- Dia de Santo Antonio

II
o folião pediu
pipoca e pé-de-moleque
- Viva Santo Antonio!

III
o sanfoneiro toca
a mesma quadrilha
- é noite de São João!

IV
a filha de João
disse sim a Pedro
- ah! Santo Antonio!

V

no bolo de fubá
promessa para o Santo
- um marido, um marido!

VI
a donzela deixou o
santo de ponta-cabeça
- benção, amém...

VII

quermesse na roça
tem leitão como prêmio
- é o bingo do Santo!

VIII
cuscuz paulista,
paçoca com quentão
- festa em Piracicaba

IX
no correio-elegante
um pedido de namoro
- sim, claro que sim!

X
o loirinho banguela
dança com a moreninha
- olha a chuva!

Abraços
Rogério Viana


Antonio Carlos Queiroz <acqueiroz@...> escreveu:


O José Marins tem razão quanto à importância de
cultivarmos o folclore nacional!


Vestido da noiva
Escondendo a barriga -
Dia de Santo Antônio
ACQ


junho/2006

Pra animar a festa,
mandioca e carne de sol -
a dupla perfeita.

Alberto Murata
São Paulo-SP

Quermesse lampeja,
Fogueira junina
Pipoca e quentão.

Carlos Glaujor
São Paulo-SP



2005
HAICAIS DA QUINZENA


Depois da festa,
batata-doce na brasa
para a meninada.

Ivanilda Silva
Uberaba-MG


Na festa caipira,
na mesa, bem sobressai
a batata-doce.

Ivanilda Silva
Uberaba-MG


Num fragil voo
A borboleta de inverno
Chega ao meu jardim.

Mario Kassawara
Birigui-SP


Na festa junina
Batata-doce quentinha
Seduz criancada

Irene Massumi Fuki
Sao Paulo-SP


Na manha seguinte
Batata-doce esquecida
Virou carvao!

Izumi Fujiki
Sao Paulo-SP


Festa de Sao Joao
Batata-doce na brasa
Virou carvao.

Roberto Ottani
Ribeirao Preto-SP


Sobre a mesa um prato.
Doce de batata-doce,
dando agua na boca.

Analice Feitoza de Lima
Sao Paulo-SP


Em algum lugar
Batata-doce assada
Vento traz seu aroma.

Yone
Sao Paulo-SP




Vizinho colhendo
batata-doce, no cesto,
na horta de casa.

Benedita Silva de Azevedo
Mage-RJ


O santo lembrado
Na rua e na escola
Festa de Sao Joao.

Sanami W. Okada
Sao Paulo-SP


Nenhuma sombra --
O longo mugir do gado
pelo prado seco.

Teruko Oda
Cotia-SP


Crianca perdida --
Anuncia ao microfone
Festa de Sao Joao.

Izumi Fujiki
Sao Paulo-SP


Assando batata
na fogueira de Sao Joao...
Lembranca da infancia.

Benedita Silva de Azevedo
Mage-RJ


Vi balao no ceu
e' festa de Sao Joao
mesa bem farta.

Mario Azevedo Alexandre
Sao Vicente-SP




Festa de Sao Joao
Ao redor da fogueira
Danca quadrilha.

Mario Kassawara
Birigui-SP

No lombo do burro
os bambus para o terreiro --
Dia de Sao Joao

Regina Alonso
Santos-SP


Batatas assando.
E na flamula estampado
Sao Joao tremulando...

Analice Feitoza de Lima
Sao Paulo-SP


Junho, na Fazenda
Festa de Sao Joao
Alvoroco total.

Amelia P Coelho Gomes
Ponte Nova-MG


Festa no interior
bandeirolas no arraial
Sao Joao no mastro.

Olga Amorim
Sao Paulo-SP


Estrela no ceu
Fogueira na terra
Noite de Sao Joao

Harumi Ogiwara
Sao Paulo-SP


Na vizinhanca
muitos fogos e gritaria --
Dia de Sao Joao.

Ivanilda Silva
Uberaba-MG


Sabor sem igual --
No prato de yakissoba
Brocolis crocante.

Mario Isao Otsuka
Sao Paulo-SP


Festa de Sao Joao
No ar musica sertaneja
Mocoilas dancam.

Yone
Sao Paulo-SP

Na cidade grande
Diversao e nostalgia --
Dia de Sao Joao.

Neiva Pavesi
Santos-SP


Entre uma danca e outra,
o auge das festas juninas --
Baile de Sao Joao.

Alberto Murata
Sao Paulo-SP


Abracos,

Edson Kenji Iura
http://www.kakinet.com
mailto:kakinet@...



2004

HAICAIS DA QUINZENA

A fogueira acesa
Pessoas contando historias.
Madrugada vai.

Neila Martelli Toledo
Bandeirantes-PR

No calor do beijo
Sinto o frio do nariz
Da minha netinha.

Mario Isao Otsuka
Sao Paulo-SP


Ao pe da fogueira,
assando batata doce,
velhinha de cocoras.

Alberto Murata
Sao Paulo-SP


Um grande susto:
Com pantufas de monstro
Espantei o frio.

Shiranai Kumo do Brasil
Porto Alegre-RS


Bem agarradinhos
o casal de namorados -
ah... noite tao fria!

Regina Lucia Alonso Peres
Santos-SP


Fogueira noturna -
detras das faiscas que sobem
a moca sorri.

Carlos Martins
Sao Paulo-SP


Amarelo so.
Folhas secas atapetam
O chao do jardim.

Tomoko Kimura Gaudioso
Porto Alegre-RS


Na festa da escola
entre os guris agitados
Fogueira de celofane.

Neiva Pavesi
Santos-SP


Fogueira...
Lembranca longinqua
Criancas gritam alegria

Hissami
Sao Paulo-SP


Vento repentino -
Correm pra dentro de casa
duas folhas secas.

Teruko Oda
Cotia-SP


Festa junina
Bandeirolas no varal
Fogueira no chao

Harumi Ogiwara
Sao Paulo-SP


Brilho de fogueira.
Na escuridao da mata,
Olhos da coruja.

Jose Nagado
Sao Paulo-SP

Soltando rojao
  garotos em algazarra
  assustam velhinhos.

  Yone
Sao Paulo - SP


2002
Querida Nina Rosa,
grato pelo toque quanto à brincadeira dos haicaipiras. Tentei mexer um pouco com os coleguinhas, tão envolvidos no tratadismo erudito, esquecidos de nossas tradições. As festas juninas dos meses de junho e julho se prestam com suas fogueiras, quentão, pinhão, etc, a uma gostosa coisa brasileira: brincar. Um Brasil que ainda vive no interior (ao menos no interior de todos nós).

Outro dia, ouvindo a Rádio Guaíba (de Porto Alegre, programa "Flávio Alcaraz
Gomes"), um escritor, que não registrei o nome, contou que certa vez viajando de avião à noite, atravessando o estado do Rio Grande do Sul, ficou maravilhado com a quantidade de fogueiras juninas que iam surgindo na terra, dentro da noite.

Que haicai não daria, esse céu invertido, hein?
Você, uma mineira, penso que tem muito a nos contar dessas belezas culturais
de nosso povo. Ficarei aguardando...
Um beijo em você e um forte abraço nos amigos da haikai-l.
Curitiba, 19-07-2002



  cresce a tempestade
na janela do hotel
o clarão do raio.
 josé marins


Nas festas juninas
trajes caipiras completos
bigodes posticos.

Olga Amorim
Sao Paulo-SP


Na hora do beijo,
aquela fina garoa
molhou nosso amor.

Rodrigo Oliveira Perez
Brasilia-DF


Bela flor de cha--
Lembra chaleira no fogo,
vovo' e seus casos.

Ceci Pinheiro
Fortaleza-CE

Festa de Sao Pedro.
A moca tira do armario
seu traje caipira.

Antonio Seixas
Mage-RJ

Clima romantico
a garoa nem imagina
o quanta e bem-vinda.

Lucile Tieme Abe
Ribeirao Preto-SP

Copos de quentao
todos a traje caipira
em volta da fogueira.

Yone
Sao Paulo-SP

Musica de graca --
a garoa cai a toa.
Ninguem sai da praca.

Marcelino Lima
Carapicuiba-SP




Aqui um texto para estudo:

Os dez mandamentos do haicai
H. Masuda Goga
FONTE: 

Grêmio Haicai Ipê http://www.kakinet.com/caqui/ipe.htm


I - O Haicai é poema conciso, formado de 17 sílabas, ou melhor, sons,
distribuídas em três versos (5-7-5), sem rima nem título e com o
termo-de-estação do ano (kigô).

II - O kigô é a palavra que representa uma das quatro estações, primavera,
verão, outono e inverno; p. ex., IPÊ (flor de primavera), CALOR (fenômeno
ambiental de verão), LIBÉLULA (inseto de outono) e FESTA JUNINA (evento de
inverno).

III - Cada estação do ano tem o próprio caráter, do ponto de vista da
sensibilidade do poeta; p. ex., Primavera (alegria), Verão (vivacidade), Outono
(melancolia) e inverno (tranqüilidade).

IV - O haicai é poema que expressa fielmente a sensibilidade do autor. Por
isso, respeitar a simplicidade;evitar o "enfeite" de "termos poéticos";captar um
instante em seu núcleo de eternidade, ou melhor, um momento de transitoriedade;
evitar o raciocínio.

V - A métrica ideal do haicai é a seguinte:
5 sílabas no primeiro verso, 7 no segundo e 5 no terceiro; mas não há exigência rigorosa, obedecida a regra de não ultrapassar 17 sílabas ao todo, e também não muito menos que isso. E a contagem das sílabas termina sempre na sílaba tônica da última palavra de cada verso.

VI - O haicai é poemeto popular; por isso usa-se palavras quotidianas e de
fácil compreensão.

VII - O dono do haicai é o próprio autor; por isso, deve-se evitar imitação de
qualquer forma, procurando sempre a verdade do espírito haicaísta, que exige
consciência e realidade.

VIII - O haicaísta atento capta a instantaneidade, qual apertar o botão da
câmera.

IX - O haicai é considerado como uma espécie de diálogo entre autor e
apreciador; por isso, não se deve explicar tudo por tudo. A emoção ou a sensação sentida pelo autor deve ser apenas sugerida, a fim de permitir ao leitor o re-acontecer dessa emoção, para que ele possa concluir, à sua maneira, o poema assim apresentado. Em outras palavras, o haicai não deve ser um poema discursivo e acabado.

X - O haicai é um produto de imaginação emanada da sensibilidade do haicaísta;por isso, deve-se evitar expressões de causalidade, sentimentalismo vazio ou pieguice.


2001

O frio esta' forte
Um copo de vinho quente
Passa de mao em mao.

Ivanilda Silva
Uberaba, MG

Na festa junina
Bom vinho quente e quentao
Para aquecer a alma.

Mario Isao Otsuka
Sao Paulo, SP

O vapor no rosto
vinho quente na taca.
O homem sorri.

Tomoko Kimura Gaudioso
Porto Alegre, RS

Timidez quebrada --
rodada de vinho quente
paixao revelada.

Paulo Rodrigues
Sao Vicente, SP


2000

Chita, renda e fita
Mamãe esmera na costura
Roupa de caipira .

Hazel

Toca a sanfona.
Abrem-se e fecham-se flôres
O traje caipira ...

Pèsce

Guardada p'rá sempre
Roupa caipira da noiva
Sonho de menina. 

Tânia

Com roupa caipira
Prometo fidelidadeu
Ao noivo banguela.

Teruko

No pátio sombrio
meninos se acotovelam
na nesga de sol . 

Yara


Saias coloridas
rodam ao redor da fogueira...
Quem sente frio ?

Eunice

A menina chora
querendo o traje caipira
no colo do pai

Goga

Com a cara emburrada
vai pondo a roupa caipira
--Quero a de noiva ! 

Mary

De roupa caipira,
menininha da cidade .
Sua primeira festa . 

Murata

Comendo big-mac --
Barba de rolha queimada
E traje caipira 

Edson

No quintal antigo
o sol fraco da manhã
aquece as crianças

Eunice

Vento frio na praça.
Mendigo reparte migalhas
com as pombas .

Pèsce, 7 pontos, citado por Mestre Goga

Forte vento frio.
Encolhem-se nos beirais
pombas aflitas. 

Helena

"as pombas aflitas" estaria mais de acôrdo com o Prof. Franchetti.


 
Fogos de artifício.
As cores se multiplicam
nos olhos do guri.

Teruko

Frias mãos enrugadas
Tricô jaz ao seu lado
Do Sul, vento frio 

Mary

Um clarão no céu
brilha nos olhos do menino.
Fogos de artifício . 

Delores

Olhar deslumbrado .
Estrelinhas pipocam
nas mãos da menina.

Pèsce

Encanto e saudade
estalando sob os pés
Biribas no chão ...

Estela

Subindo rojões...
Traçam caminhos de estrêlas
no céu frio de junho.

Fanny Luiza Dupré

Vento gelado --
Sobraram o céu rendilhado
e fatias de sol . 

Sérgio Dal Maso

Tardes de junho...
Como era gostoso o cheiro
das bombas no ar... 

Yara Shimada

Rojão mais rojão --
Não só da festa junina
mas também do jogo !

Goga Masuda

Céu sem curvatura
Na aridez da noite densa
Estrêla hibernal.

Teruko Oda

É noite de inverno --
Uma estrela e o pirilampo
competem no brilho. 

Maria Guilhermina

Festival de inverno
Blocos de asas e azaléias
alternando cores 

Maria Guilhermina

Aa luz da fogueira
um velho perde as rugas
ao narrar suas historias . 

Roberto Saito 

Ao redor da fogueira
os amigos conversam
De onde vem o calor?

Eunice

Noite fria, no arraial
a fogueira colorindo
faces desbotadas .

Sonia Mori

Ao redor do fogo
catadores de papel
preparam a ceia 

Handa

Fogueira no campo
todas as mãos esticadas
e enxadas no chão.

Goga

Sob o viaduto
Ao redor da fogueira
Canção sertaneja !

Teruko

Junto à fogueira
Boias frias contam em canto,
os seus desencantos 

Hazel

No frio intenso
O agasalho do garoto :
Braços cruzados 

Clicie

Lembrança do frio:
a fogueira da familia
debaixo da avenida 

Flavio

E estes dois ultimos , que são uma pergunta e uma resposta, apenas :

Noite fria .
Encolhidos nos cantos das ruas
-O que sonham as crianças ? 

Ignez




Entre fogos e balões
o guri de bigodes
dorme no colo do pai 

Sonia Mori

A lua gelada
Fica ainda mais bonita
Apagando a luz . 

Edson Iura 

Aa luz da fogueira
um velho perde as rugas
ao narrar suas historias . 

Roberto Saito 


Se tivesse mais uns 30 ou 40 anos, estaria me identificando plena-
mente com o ancião do magnifico haicai acima .

Ao redor da fogueira
os amigos conversam
De onde vem o calor? 

Eunice

Noite fria, no arraial
a fogueira colorindo
faces desbotadas . 

Sonia Mori 

Chita, renda e fita
Mamãe esmera na costura
Roupa de caipira 

Hazel, 

  2009

Jiddu:

Vou dar uns pitacos, enquanto o pessoal que se dedica a exercitar o kigo
não lhe responde com mais propriedade, pra não deixar a questão
passar em branco.

  De que forma é possível identificar um kigo de uma
determinada estação sem confundi-lo com outra?

Imagine um balão no céu. Não sei se lhe acontece o mesmo que a mim:
essa imagem geralmente me traz outras sensações, coisas características das
festas juninas: o céu estrelado e o frio do mês de junho, por exemplo. Chego
até a me lembrar da musiquinha:

O balão vai subindo, vai caindo a garoa
O céu é tão lindo, a noite é tão boa
São João, São João
Acende a fogueira do meu coração

Para quem compartilha desse imaginário, o balão está afetivamente ligado a
uma vivência característica do nosso inverno. Ou, no jargão dos haicaistas,
balão é um kigo de inverno..

O que determina o kigo e suas características, portanto, é a vivência e a
experiência. Quanto mais amplas, quanto mais comuns, quanto mais
"universais" essas experiências, maior a força do kigo.




"Ah!"
Foi tudo o que disse -
Monte Yoshino coberto de flores.

Teishitsu 

(Trad. Franchetti e Elza Taeko Doi)

Mas, é claro, pode-se soltar balão até no dia de Finados.
Pestana

Fogos de artifício
brilham no olho do bandido -
bateram a sua carteira!

Nelson



Fontes:
> De: haikai-l@... <haikai-l%40yahoogrupos.com.br>

Grêmio Haicai Ipê http://www.kakinet.com/caqui/ipe.htm

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