segunda-feira, 26 de março de 2012

SUITE " O TITÃ " - GUSTAV MAHLER - Sinfonia N* 1




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 http://youtu.be/cQFjDBFXN58

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Full presentation of Lenny Bernstein w/ 
the Vienna Philharmonic playing Mahler's 1st symphony
SUITE
  SINFONIA No 1 -  EM  RÉ  MAIOR
             COMPOSITOR : GUSTAV MAHLER

       Magnifica representação profundamente
       sentida  "Vista" durante uma audição da
          Sinfonia No 1, em Ré Maior " O TITÃ " em  1987 
e transcrita em 1991.
     

PERSONAGENS 
- Nove dançarinos : dois homens , sete mulheres 
- Três Titãs: - o Vermelho - o Azul - o Amarelo - Velho Zeus

 CENÁRIO 
Paisagem de deserto - Pedras de vários tamanhos, empilhadas e espalhadas 

- Alguns galhos modestamente floridos entre flores faíscantes 

- Os dançarinos vestem algo como tangas ocres em longos panos enrolados do
joelho até a cabeça, prendendo-lhes os braços,imitando múmias ou fetos, quase encobrindo os olhos.

 - Os Titãs vestem faixas brilhantes, cada qual de uma cor,em tons pastéis,contornando o peito e com as pontas descendo até aos tornozelos. 

- Do Velho Zeus só se vê a enorme barba branca,entre tufos de nuvens ao alto,no último plano do palco.

PRIMEIRO ATO 
1o movimento
 - Langsam; Schleppend & 2o movimento - Kräftig bewegt 

- Um silvo profundo e longíquo inicia e anuncia o nascer de um novo dia Muito do que parecia ser pedra espalhada no deserto,lentamente se mexe, espreguiça forçando o levantar cambaleante. Desajeitados ensaiam em mímica os primeiros passos, apalpam-se, descobrindo o corpo, as pernas,depois os braços tentando sincronizá-los em movimentos rudes de marionetes curiosas. 

- Contorcem-se para livrarem-se das faixas que os prendem , trombando-se, caem, rolam uns sobre os outros recomeçando novos e mais ousados toques.Mais ágeis experimentam passos e gestos firmes,cadenciados,repetidos e imitados pelo grupo ora unido,ora disperso no entusiasmo de encontros ,
trombadas irritantes e enlaces amorosos até que amigáveis se guiam ,
caminham e se ajudam.

 - A música distante colore com melodia de amanhecer num crescendo e a dança intensifica em ligeira agitação.

 - Sombras recaem sobre cenário adormecendo-os a imitar embalo de dias e
noites de sonhos e ao toque da luz recomeçarem dinâmicos e confiantes.

- Predominavam até agora os gestos instintivos que evoluem, ganham
leveza; vai-e-vens que delineiam o aguçar da sensibilidade nascente....

- Repetem-se lentos,até que surge entre raios festivos,os três Titãs,de
passos largos,certeiros e dominantes. O Titã de faixa amarela empunha
uma tocha acesa. 

- Á entrada dos Titãs, alvoroço,medo e correria para se esconderem atrás dos arbustos e das pedras que os Titãs vão retirando ,deixando os nativos apavorados. 

- Ágeis numa dança super nova, os Titãs aos poucos vão conquistando os nativos, presos em suas
faixas apertadas 

- Amigáveis,os Titãs dançam em volta da fogueira feita
com a tocha e aos poucos os nativos vão perdendo o medo do fogo.
Dançando mais íntimos, os Titãs desenrolam suavemente as faixas
amarradas nos corpos dos efêmeros,libertando os braços presos. 

- Devagar,meio tímidos se contorcem,rodopiam alegres,se abraçam festivos.
(Debaixo das faixas, tangas e saiotes ao joelho, quase transparentes )
- Por longos minutos se olham, se apalpam e se enamoram. 

- Oa Titãs  ensinam-lhes novos passos e juntos se entregam febrilmente ao comando da música. Dos gestos saem trabalhos e em conjunto constroem a cidade em módulos ou blocos de pedras,abrindo,desenrlando enormes faixas
estampadas de bosque,prédios. fábricas ,imponente metrópole,entre
danças frenéticas,delírios,correria e novíssimos prazeres-
embriagadores,apaixonados,quase insanos. 

- " O Primeiro Ato" é composto dos dois primeiros movimentos :
Lamgsam; Schleppend 
(devagar,vagaroso,lento,compassado;moroso 
- lentamente,aos poucos, pé ante pé - arrastado;lânguido) 
Kräftig bewegt
(robusto,forte,substancioso, brioso,reforçado -
agitado,movimentado,encapelado,comovido,emocionado) 

O andamento lânguido desenvolve-se para o brioso e emocionado, longo o bastante para plasmar o mistério da origem e o alçar da vontade de continuar
descobrindo, desenvolvendo a força humana e a coragem de se jogar à
beleza do ritmo da alegria terrestre.

 Escolados pelos Titãs,os homens vão modificando o cenário, agora mais claro,enquanto dançam levantando hábilmente moderna metrópole. 

Unidos,montam uma forte escada,degrau por
degrau,símbolo e caminho de acesso aos céus. ( cenário é montado rápido
no gestual dançante ) Agora os homens já sabem construir
organizados,obras de artes que intensificam seus prazeres super novos.
sentem-se poderosos e audazes tentam subir a escada que os levará às
estrelas. 

- Do alto, o velho Zeus que a princípio se divertia com a
"dança" dos pequenos, começa a se inquietar,sentir-se ameaçado e
enfurecido com os acertos da criatura.Irado,descontrola-se em meio aos
inúmeros relâmpagos saídos das suas ventas que se transformam em
tempestade.

 Num lápso de cólera,conclui ser melhor eliminar as ameaças
que se tornaram frequentes e capazes de invadir seus poderosos
sítios,seus segredos,sua majestade. Com a vaidade ferida,o soberano
deus dos céus, decide eliminar os homens e suas obras. 

Ameaçador,pisa na escada. 

FECHA O PANO 
 

SEGUNDO ATO
 3o movimento - Feierlich und gemessen 
 
CENÁRIO 
Estão no palco grandes faixas azuladas reproduzindo
cidade moderna.Bem ao centro destaca a forte escada montada no ato
anterior,esbarrando nas nuvens, onde Zeus se escondia e agora
irado,pisa resoluto. Relâmpagos anunciam a ira divina.

 CENA 
- Os homens  assustados se armam e se empilham,unidos para lutar e um dos Titãs,o que veste a faixa amarela,o mais corajoso e sábio,toma para si o
encargo de representar e defender a todos.

 - Comovido,melódico o Titã começa a "cantar" agradecendo a Vida, as criaturas, as conquistas diárias ao longo dos séculos. Desfia diante de Zeus,uma série de momentos árduos que lhes valeram as presentes e promissores avanços e graças. Canta,dança a alegria de vencer as tempestades do meio e de si mesmos. 

Recria solene 
cada frase poética captada na beleza
 deste mundo inculto.
 Exalta as maravilhas 
descobertas nesta natureza. 

Canta 
a mansidão dos rios,
a imensidão dos mares,a serenidade 
e a silenciosa quietude do carvalho altivo,
oferecendo cor,frescor e segurança. 

Canta a delicadeza
 das milhares de flores dos caminhos,
as belas formas seus distintos perfumes 
e da maravilha dos frutos coloridos e doces.

 Fala da magia
 das cores,da música - canta a poesia 
que os nativos conseguiram a duras penas,
 colher e recolher nos paradoxos dos incontáveis enígmas.
 

Numa cena de extrema beleza o Titã sobe lento os degraus e descreve em
dança tântrica a batalha para organizarem-se em busca da mais profunda
razão de existir - Ser .

No quarto degrau,ao meio da escada, quase junto de Zeus, o Titã repete a magnífica cena , (e imitada na união e desdobramento dos corpos nas laterais)   insistindo, tentando convencê-lo a cantar também, a se unir neste côro sagrado para eternizá-lo com sua majestosa aprovação.

 Zeus estica o braço na direção ao peito do Titã e dali pega um fio brilhante, cor de rosa , que ele vai puxando em gestos largos e bruscos. contrastando com leveza dos passos e gestos expostos para lhe comover.

Tomado de suprema inveja,
fulgura dentro da súbita noite 
um vendaval zoando entre raios e trovões ,
estrondos colossáis, enquanto o furor de Zeus 
retumba e arranca de vez o fio brilhante 
da vida do Titã que finalmente cai fulminado . 
O caos impera derrubando a cidade ,transformado em escombros sobre os corpos que repetiram incessantes a dança tantrica .

FECHA CORTINA 

TERCEIRO ATO
 4o movimento - Stürmisch bewegt 
 
CENÁRIO 
A destruição do ato anterior,destacando a escada de sete degraus ao
fundo,entre as nuvens. Zeus,no alto da escada lança um olhar
fulminantemente vazio para baixo.

 Olha para suas mãos,observa o brulho faiscante retirado do peito do Titã e num largo gesto comovido empurra forte contra seu peito,como querendo guardar ali o fio, a corrente de luz e o poder dabeleza do Titã. 

E num lampejo 
de soberana consciência,
constata o terrível silêncio,
ao ver o Titã vencido,inerte,
 incapaz de produzir o menor ruído , 
                                 o mais leve movimento melódico...
                                                   
Desesperado mostra-se inteiro,arranca sua enorme túnica branca e
dourada, joga-a para cima que volta soltando estrelas que caem a cobrir
o Titã desfalecido aos pés da escada. No seu gigantesco furor
desesperado,vê seu estado real,estupidamente grave e a impiedosa
arrogância.Se dá conta do grande erro . 

Alucinado esbraveja ao mesmo tempo que uma explosão inunda o palco. 
Ás últimas faíscas Zeus está de braços caídos medita,se contorce de arrependimento 
- destruíra sua mais bela obra. 

Reflete angustiado: ( um côro distante canta seus
pensamentos)

- Quem agora iria temê-lo, alegrá-lo ou adorá-lo?
  - Quem reacenderia sua sede de poder no reinar? 
- Um rei todo poderoso...sem vassalos!

 Zeus vê o quanto fugiu dos seus propósitos embasados na razão
e nas artes, atormenta-o ver-se endurecida sua sensibilidade e lucidez
ao invejar pequenos conquistadores de raras alegrias. 

Detém-se em lembrar a superioridade e a nobreza das criaturas e conclui que só há uma maneira dele se perdoar,dele não mais merecer o próprio descomunal desprezo: 

- Ele,silenciosamente.... nascerá !
 E virá nas mesmas
condições que impôs às criaturas. 

Andará 
pelos mesmos caminhos escuros
e pedregosos. 

Buscará vencer 
os mesmos obstáculos das diversas naturezas.

 E vai tentar recolher desta caminhada,
sem sua "coroa de poder" a mesmíssima beleza 
que viu brotar das sementes indefesas e
valentes desbravadores de si mesmo . 

Num gesto de grande realeza,
retira de sua cabeça a brilhante coroa,
 arranca as enormes e pomposas barbas
 e solenemente começa a descer a escada. 

No terceiro degrau
 perde o equilíbrio e continua a descida
 rolando entre raios e trovoadas. 
 
Uma multidão de relâmpagos e cores desgovernados inundam o palco festejando  a descida de mais um ser que se dispõe a nascer. 

As luzes pagam num  breve intervalo, depois bem tênues a mostrar um corpo encolhido qual feto rente as pedras na escuridão Aos poucos é iluminado por uma e outra faísca,gerando nele pequenos movimentos.

Esforça-se,
 tenta  livrar-se contorcendo com dificuldade. 

O crescimento dele 
pode ser  visto pelo alongamento gestual 
sempre mais amplo.
 
Com dificuldade Zeus espreguiça medindo seus limites e,rompendo a imaginária envoltura,ensaia o primeiro sentar cambaleante,enquanto um surdo silvo vindo da escuridão mais densa ao fundo do palco o focaliza iluminando-o rapidamente e estimulando a levantar e seguir na direção do fio de luz azul. que o acordou.

 Rápidos clarões
Abrindo os olhos,assusta´se com a claridade forte avermelhada que lhe bate no rosto Tem medo e para vencê-lo contorna com os braços o novo corpo,se protegendo e neste toque estremesse de prazer. 

Por longo tempo
olha cada membro,se apalpa, carinhoso.
Demosntra o prazer do toque 
e se repete mais enérgico e confiante.
. Devagar levanta
,mira ao redor e avista um fio d'água ,
toca-a saltitante e brincando se banha. 
Todo molhado,dominando seus movimentos,gesticula meio dançante,
meio brusco como quem trabalha e luta. Luta contra o medo da noite,
o calor do dia, o cansaço e o sono.Recomeça interminavelmente e sofre. 

Sofre abandono,perdas,lutas vãs e descobre quão difícil é sobreviver na natureza sob variações climáticas,as tempestades que o obrigam
 refugiar-se as pressas . Sofre por querer avançar,vencer-se e o buscar a paz inexistente. 
Longos 
momentos de exaustão.
 De vez em quando luzes fortes
 entrecortam o silêncio da impotência reconhecida. 

Vai e vem, 
pula e dança ,descansa e luta.
 
Desperta,levanta a cabeça a procura de ajuda e extático medita
olhando o céu. Volta à fonte,banhaha-se sereno e vai-se impregnando da
música deliciosa que o chama para nova realidade. 

Caminha meditativo, acaricia as pedras.
 Empolgado colhe entre a folhagem uma pequenina flor
nascida perto do fio d'água que lhe inspira grande ternura
 Ama-a intensamente e afinal sorri rodopiando feliz 
 
Contém-se 
segurando a florzinha 
girando e abraçando a minúscula prenda 
e num gesto de máxima alegria, ajoelha,
 adora-a , beija-a e a levanta ao céu.

 É agora 
um homem integrado,
reconciliado com a vida e dança a alegria de viver. 

Sua felicidade 
chega aos céus que se abalam
 movidos pela força
 da alegria.

Delira dançando
 sua felicidade de estar aqui. 

Relâmpagos insistentes jorram uma profusão de raios e uma chuva de flores coloridas descem por todo o palco. Encaminha-se confiante para a escada, sobe dançando e ao chegar no quarto degrau , contempla o mundo. 

As luzes seguem agora a seqüencia do arco-iris e quando chega ao violeta, vê-se Zeus sentado em posição de lótus ,em meditação, formando com a união dos dedos um triângulo junto ao peito. 

O quarto degrau da escada é mais largo 
- um patamar no meio dos sete degraus,e, alí em recolheimento, lentamente
sobem contornando-o , saindo do chão, enormes pétalas de lótus rosada ,
tranparentes , leitosamente delicada. Zeus sentado ,ergue os braços e
em dança tantrica suave dentro da flor que lentamente se fecha até
formar um gigante botão de lótus iluminado 

- A enorme flor recebendo foco de luz rosada, volta à cor branca original radiando luzes ondulantes ,formando um oceano em sua base ( Faixas azuis de plástico transparente, respingadas de tons prateados, ondulam como mar) 

- Da base da enorme flor de lótus, aos poucos vão subindo raios de luz como se dela saíssem,formando um radiante Sol. Ao chegar o último feixe de luz
a sinfonia solta os últimos acordes.

 Encerra a música e por vinte segundos,
 só fica o Homem-Sol no mais belo silêncio!
 (fechado dentro do Lótus branco iluminado.)
 
CAI O PANO 


                                                             FIM
O Libreto da Suite é de  minha autoria

Pablo Picasso
 
Li
 Fonte:
 Enviado por em 24/01/2011
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