sábado, 27 de agosto de 2011

Navegar no Caos – Jorge Mautner e Marcelo Tas » cpfl cultura


Um recorte filosófico da comunicação através da história: do nascimento da civilização, através do alfabeto, do comércio e das navegações ao Twitter. A cibernética pode nos levar em direção a um mundo onde predomina a criação e o humanismo?

Qual a contribuição do Brasil,
e sua mistura de raças e contradições, 
nesse era de caos digital?

Palestra do módulo

Gravada no dia 13 de agosto de 2010 em Campinas.
70 anos do artista maldito
TIAGO GERMANO
Jornal da Paraíba - PB - 18/01/2011

Ele não pede desculpa. Nem perdão. Aos 70 anos completos e comemorados ontem, no Rio de Janeiro, em show no Circo Voador com a Orquestra Imperial, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Luiz Melodia, Jorge Mautner continua um provocador inveterado, que faz da música, da literatura e, mais recentemente, do teatro, um único flanco para o qual dispara sua pesada artilharia.

Alistado nas frentes artísticas desde a adolescência, quando aos 15 anos escreveu seu primeiro livro (Deus da Chuva e da Morte, publicado em 1962, inaugurando uma trilogia hoje consagrada como a Mitologia do Kaos), Mautner está longe de abandonar suas altas patentes e depor o arco certeiro do seu violino.

Obstinação que contraria o conselho que ouviu logo após sua prisão em 1964. 

O Brasil estava em pleno Golpe de Estado que tiraria João Goulart do poder e engatilharia os rifles do poderio militar. A convite do professor Mário Schenberg, Mautner integrava uma célula do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro e foi preso logo após o golpe. A condição dada pelo Exército para sua liberação era clara: o jovem, que estava encarcerado no interior de São Paulo por sua militância em prol do ideal comunista, deveria se expressar em suas futuras obras com um pouco mais de cautela. Era tudo que Jorge Mautner não tinha.

A partir de 1967, mudou-se para os Estados Unidos, onde trabalhou na Unesco como tradutor de livros. O traje de burocrata só lhe coube, com considerável desconforto, por três anos. Foi quando, em 1970, viajou para Londres e estreitou sua relação com Caetano Veloso e Gilberto Gil , que então atravessavam o período de exílio na Inglaterra. A parceria com Caetano tem ressonâncias até os dias de hoje, e prova disso é o álbum Eu Não Peço Desculpa (2002), que suavizou a figura do artista “maldito” e é até hoje lembrado pelo público.

O “namoro” com a Orquestra Imperial data da época deste disco, quando os músicos se reuniram para a sua gravação. Kassin, seu produtor, é um dos membros-fundadores da Orquestra, e tratou de trazer todo o seu núcleo (composto por nomes como Moreno Veloso, filho de Caetano, e Nelson Jacobina, parceiro de Mautner desde a sua volta ao Brasil, quando começou a escrever no Pasquim) para o projeto.

Segundo Kassin, Mautner é o satélite em torno do qual transita a órbita do grupo. Jacobina também é todo elogios, e costuma lembrar de quando estudava música e tivera seu primeiro contato com o colega na biblioteca da sua mãe, justamente com aquela obra adolescente que tanto frisson causara no Regime Militar: Deus da Chuva e da Morte.

A incursão de Mautner pelo teatro 
se deu ano passado com Urucubaca, 
um texto inédito encenado pelo AfroReggae. 

O espetáculo representou 
a estreia oficial da trupe de teatro, 
e explorava o viés ora cômico, ora poético, 
ora político do músico, falando do tráfico de drogas 
e do cotidiano das comunidades faveladas.

Mautner prepara-se também para virar tema de documentário dirigido pelo jornalista Pedro Bial, que, por ser filho de refugiados políticos, enxergou na história do artista a possibilidade de evocar um pouco da sua própria história. O documentário ainda está em fase de produção e não tem data de lançamento prevista.
Setentão maldito: 
Jorge Mautner

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