sábado, 15 de outubro de 2011

A ARTE DA ALMA IMORAL - O LIVRO E O TEATRO



A Alma Imoral
Nilton Bonder

O que significa corpo? 
E alma?
O que diferencia os dois?

Com profunda maestria o autor nos leva a repensar antigos conceitos, baseados em textos bíblicos e na própria psicologia.
A alma nos é apresentada como imoral e o corpo como moral.
A alma rompe, transgride e modifica antigos pilares já tidos como firmados e seguros.
A alma desobedece e passa a respeitar e ao obedecer passa a desobedecer.
Nem sempre o correto da tradição é o bom do momento. A maior traição que o homem pode cometer é contra si próprio, pois o homem será sempre um traidor, não importando o que faça...a escolha que fizer será sempre uma traição, pois o homem que se mantém acomodado é um traidor, o homem que não rompe Com o certo do passado em troca do bom do presente é um traidor e o homem que rompe com tudo, também, será um traidor. Assim sendo, o grande pulo é fazer o achar melhor para si próprio.

Chega um momento em que o homem deve caminhar, pois ficar paralizado não lhe trará soluções, voltar não será mais possível, pois não há mais caminho para trás e assim sendo, sua única alternativa é romper com os muros invisíveis que protegem o medo e caminhar...transgedir, romper com o passado.
Utilizando parábolas exemplificativas descobrimos que nem sempre o certo é o bom e sim, o errado é que será bom.

Na busca incansável pelo encontro com a verdade, o homem descobre que a sua verdadeira alma é imoral. A mulher é a transgressora por natureza e o homem é o corrompido. A serpente habita a alma feminina, enquanto o homem é o seduzido.

Percebe-se a necessidade da mutação humana, através da reprodução o homem transmuta e a clonagem demonstra ser um erro, pois nela não há mutação.
É pela transgressão 
que o homem se faz conhecedor e desbravador
da essência da natureza humana. 
A peça teatral de mesmo nome está em cartaz no Teatro do Leblon. A atriz Clarice Niskier, conseguiu com enorme talento resumir as principais passagens do livro em uma hora de espetáculo. A atriz interage com o público, repetindo e explicando as passagens mais interessantes e de difícil entendimento. Programa imperdível.



 

A atriz Clarice Niskier é a entrevistada deste 3a1.

Para mais edições, acesse:http://tvbrasil.org.br/3a1/

A atriz já atuou em cerca de 40 espetáculos, fez cinema, televisão, passou por algumas companhias de teatro e estabeleceu longas parcerias com nomes consagrados como Domingos Oliveira e Amir Haddad.

Além de atuar, Clarice também escreve, dirige e produz, principalmente para o teatro. Em 2006, estreou o monólogo A Alma Imoral, texto adaptado por ela mesma do livro homônimo de autoria do rabino Nilton Bonder. Sucesso de público e muito elogiada pela critica, a peça rendeu à Clarice o prêmio Shell de Melhor atriz, em 2007, e o prêmio qualidade Brasil de melhor atriz drama, em 2008.

Participam desta entrevista o cineasta Daniel Schenker e o presidente da Academia Brasileira de Filosofia, João Ricardo Moderno.O programa 3 a 1 tem apresentação do jornalista Luiz Carlos Azedo.

Horário: 22h mais
- nova beleza !!
Referência:
BONDER, Nilton. A Alma Imoral - Traição e tradição através dos tempos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Comentário:

Mais do mesmo! Dessa vez com indicação da peça A Alma Imoral que vi duas vezes e que me fez comprar o livro. Obrigada, Clarice, pela obra. Espero um dia trabalhar com ela. ;o)
(Mais uma Clarice marcando minha vida!)

Trechos selecionados:


"O problema, no entanto, está no fato de que é impossível mudar sem se expor ao erro absoluto." (pgs. 19 e 20)
"A importância do presente está na responsabilidade que temos de honrar o passado e o futuro, numa medida artisticamente concebida de honrar compromissos e rompimentos." (p.22)
 
“O Apego ameaça e violenta a integridade de um ser humano da mesma maneira que uma traição. Somos capazes de medir a última, mas poucas vezes nos damos conta da violência que impomos à nossa alma.” (p.30)
“A proposta da imutabilidade é mais que indecorosa: ela violenta um indivíduo.” (p. 39)
“Surpreender-se é, na realidade, a maior prova de poder do ser humano. Surpreender os outros é fazer uso de nossos truques já dominados; supreender a si mesmo é ser um mago diante daquele que nos julgávamos ser.
O herói do corpo é aquele que surpreende os outros e os seduz. Seus poderes são fazer uso do passado e de suas mágicas. (...)Já o herói da alma é aquele que surpreende a si mesmo e seus poderes são o que ainda não foi feito, dito, visto, falado ou escutado. O futuro e a possibilidade de não-convencionalidade são o instrumento de poder desse herói.” (p. 46)
“Porque as surpresas do relativo, das misturas, dos erros, das espontaneidades ou dos pecados fortalecem a alma e lhe ofertam seu nutriente mais importante: a evolução.” (p. 46)
“Todos nós deparamos com lugares estreitos em determinado momento. Estes lugares, que outrora serviram para nosso desenvolvimento e crescimento, se tornam apertados e limitadores.(...)
O corpo não gosta de sair, de mudar. São a estreiteza e o desconforto que o convencem de que não existe saída.”
(pgs. 47 e 48)
"Passar por um processo de mutação de maneira bem-sucedida é irromper em outro corpo que não se sabia que poderia conter nosso ‘eu’.” (pg. 51)
“Achar-se – e o ancião tenta revelar este segredo ao jovem – é constituir identidades e desfazer-se delas.” (pg. 69)
“O pobre, o destituído, o estrangeiro, o marginal é mais bem preparado para levantar acampamento e seguir os caminhos da evolução do que aqueles que, bem adaptados, encontram sempre maneiras de transformar em ideologia, moral e teologia seu desejo de permanecer no lugar estreito. (...) O inconformado e o não estabelecido criam ligações mais verdadeiras com a dinâmica de vida mais próxima do desapego que do controle. Da perspectiva da alma, o pobre é mais apto que o rico, o bastardo, do que o filho mimado, o sofrido, do que o afortunado ou o que vem de longe em relação ao que vem de perto.” (pgs 110 e 111)
Foto de divulgação da peça
"A Alma Imoral" inspirada no livro.
Adaptação, concepção cência e interpretação:
Clarice Niskier.
Algumas frases encontradas em "A alma imoral", de Nilton Bonder
"O ser humano é talvez a maior metáfora da própria evolução, cuja tarefa é transgredir algo estabelecido." - pág. 13.
"Ousaria dizer que tudo que é positivo para a vida é o que não se dissimula." - pág. 22
"Entenda-se por infidelidade tanto o rompimento de compromissos como a manutenção dos mesmos de forma destrutiva." - pág. 35
"Deixar sua cultura e seu passado em nome de um futuro é saber recompor a tensão entre corpo e alma, aprendendo a romper por conta das demandas do futuro e não só pelas demandas do passado." - pág. 38
"A proposta da imutabilidade é mais do que indecorosa: ela violenta um indivíduo. Ela propõe que continuemos a fazer o que foi feito no passado." - pág. 39
"E quantos de nossos esforços e sacrifícios são, na verdade, 'oferendas' ao nada?" - pág. 58
"Quantas pessoas poderíamos ter tirado 'para dançar' na vida e não o fizemos por ofertar sacrifícios ao nada? Sacrifício ao deus da timidez, ao deus da vergonha, ao deus do medo de ser rechaçado e assim por diante." - pág. 59
"Aquele que engana a si mesmo é mais perverso do que o que engana os outros." - pág. 60
"Existe em nós uma tendência de querer agradar a nós, aos outros e à moral de nossa cultura. Com isso vamos gradativamente nos perdendo de nós mesmos." - pág. 64
"Aqueles que se permitem transgressões da alma com certeza são vistos e recebidos pelos outros como estrangeiros. Os que mudam de emprego radicalmente, os que refazem relações amorosas, os que abandonam vícios, os que perdem medos, o que se libertam e os que rompem experimentam a solidão que só pode ser quebrada por outro que conheça essas experiências. A natureza da experiência pode ser totalmente distinta, mas eles se tornarão parceiros enquanto 'forasteiros'." - pág. 66
"Achar-se - e o ancião tentar revelar este segredo ao jovem - é construir identidades e desfazer-se delas." - pág. 69
"O que ainda não é, só se faz sob o sol quando abrimos mão da obediência. Não a obediência em relação ao outro, mas a que impomos a nós mesmos ou a de outros que introjetamos como se fosse nossa." - pág. 70
"Se em teoria o 'caminho do meio' nos parece mais equilibrado e maduro, em termos da alma o rabino de Kotzk tem razão - qual é o ser humano que, profundamente mobilizado por uma intenção e sedento pelo sagrado, pode deixar de ser passional e extremista? Como estar apaixonado e ser moderado? O 'caminho do cavalo' representaria a postura daquele que teme a experiência radical de romper com o padrão e a expectativa da maioria." - pág. 75
"A vida saberá nos julgar não apenas pelas 'perversidades' que acreditamos poder evitar, mas também pelas 'tolices' que nos permitimos." - pág. 77
"Quando uma pessoa deixa de ficar satisfeita com seu negócio ou com sua profissão, é certamente um sinal de que não o está conduzindo honestamente. (New.Antho. 194)." - pag. 79
"O rabi Bunan (Buber, Late Masters, p. 257) adverte que os 'pecados' que um indivíduo comete não são o pior crime realizado por ele. O verdadeiro crime do ser humano é que ele pode dar-se 'uma simples volta' a qualquer momento, mas não o faz." - pág. 81
"Aquele que não faz uso de todo o potencial de sua vida, de alguma maneira diminui o potencial de todos os demais. Se fôssemos todos mais corajosos e temêssemos menos a possibilidade de sermos perversos, este seria um mundo de menos interdições desnecessárias e de melhor qualidade." - pág. 82
"O inconformismo das pessoas diante dos que estão em processo de rompimento com conceitos e propostas do passado tambem decorre do medo e desconforto profundos produzidos pela identificação com essa postura." - pág. 112
"Será um mundo de traidores que não serão crucificados. Será um mundo que descobrirá que quem crucifica não são os outros, mas nós mesmos." - pág. 117
"Ainda cometeremos muitas crucificações, mas a derradeira, a que realmente está em jogo, é a nossa. Se não encontrarmos alguma forma de paz formada de tensão entre nosso corpo e nossa alma, entre nossa moral animal e nossa imoralidade, estamos ameaçados de não redimirmos nossa espécie." - pág. 118
"As roupas que vestem de moral as intenções humanas nos tornam prisioneiros de uma realidade que nos poda, nos restringe e ameaça nossa sobrevivência. Poder enxergar-se nu, no entanto, é uma traição ao animal consceinte difícil de se bancar." - pág. 122
"A resolução do conflito está em seu reconhecimento e no estabelecimento de relações entre homens e mulheres que aceitem essas tensões como inerentes à própria vida. O mundo ideal do futuro será um mundo também de tensões, mas estas não serão projetadas sobre o outro." - pág. 128
 
Postado por Sissa às 20:27  
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Mais infos: http://www.almaimoral.com/quinta-feira, 20 de agosto de 2009
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