O "Livro do Desassossego" de Fernando Pessoa, livro fragmentário assinado pelo semi-heterônimo Bernardo Soares, em documentário completo produzido, realizado e difundido pela Rádio Televisão Portuguesa (RTP2), integrando a série "Grandes Livros" (2009).
"Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer." ( Bernardo Soares)
"O «Livro do Desassossego» resulta da junção de textos avulsos encontrados no espólio de Fernando Pessoa. Bernardo Soares é o autor - embora algumas edições atribuam a co-autoria do livro a Vicente Guedes, um outro "eu" de Pessoa. A organização desses escritos, fragmentados em folhas soltas - muitas delas incluindo as iniciais L. do D. -, deu origem a edições distintas do «Livro do Desassossego», que variam consoante os critérios utilizados pelo editor. A primeira data de 1982 - quase 50 anos após a morte de Pessoa. Alguns autores defendem a publicação - "ideal" - do «Livro do Desassossego» em versão folhas soltas, sem encadernação, o que, segundo os mesmos, permitiria manter a ideia original de Pessoa, deixando a cargo do leitor o encadeamento da leitura.
O «Livro do Desassossego» assemelha-se a um diário, a um blogue. Baseia-se em anotações fruto das vivências, interrogações ou reflexões. Esta característica torna o livro singular, já que não tem uma narrativa definida, com princípio, meio e fim. Esse facto não diminui a obra de Pessoa, antes pelo contrário. Imprime-lhe, reconhecidamente, um fulgor, apenas ao alcance dos grandes mestres da escrita". (in Grandes Livros)
Fernando Pessoa:
"Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa. Nove anos da sua infância foram passados em Durban (África do Sul), onde o seu padrasto era cônsul Português - Pessoa perdera o pai, vítima de tuberculose, aos cinco anos.
Aos 17 voltou a Lisboa para ingressar no Curso Superior de Letras. Após o precoce abandono da universidade, passou a ser um assíduo frequentador da Biblioteca Nacional, pois aí tinha acesso a uma vasta variedade de livros e autores, o que lhe permitiu adicionar novos conhecimentos à educação tradicional inglesa, que recebera na África do Sul.
Publicou o seu primeiro ensaio de crítica literária em 1912, o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do «Livro do Desassossego») em 1913 e os primeiros poemas em 1914. Pessoa sustentava-se fazendo traduções ocasionais e redigindo cartas em inglês e francês para empresas portuguesas com negócios além-fronteiras.
Em 1920, após a morte do padrasto, a família de Pessoa deixa a África do Sul e regressa a Lisboa. Esteve na fundação de várias revistas, nas quais publicava textos da sua autoria. Porém, só após a sua morte foi reconhecida toda a genialidade da sua escrita.
Ao longo da vida, foi enchendo uma arca com folhas manuscritas e dactilografadas, fruto da sua produção literária. O conteúdo desse báu "sem fundo" - que hoje constitui o Espólio de Pessoa na Biblioteca Nacional de Lisboa - compreende mais de 25 mil folhas com poesia, peças de teatro, contos, filosofia, crítica literária, traduções, teoria linguística, textos políticos, horóscopos e outros textos variados.
Através da sua obra, Pessoa deu vida a inúmeros heterónimos - outros "eus" do poeta - num complexo exercício de criatividade e de génio literário. Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos destacam-se dessa longa lista. O autor do «Livro do Desassossego», Bernardo Soares é considerado um semi--heterónimo, já que está mais próximo da escrita original de Pessoa. A par de Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, foi um dos nomes maiores do modernismo literário português". (in Grandes Livros)
Somos dois abismos - um poço fitando o céu."
que determinado poema, longamente ritmado,
não quer, afinal, dizer senão que o dia está bom.
Mas dizer que o dia está bom é difícil, e o dia bom, ele mesmo, passa.
Temos pois que conservar o dia bom em memória florida e prolixa, e assim constelar de novas flores ou de novos astros os campos ou os céus da exterioridade vazia e passageira."
"A beleza de um corpo nu
só a sentem as raças vestidas.
O pudor vale sobretudo para a sensibilidade
O santo chora, e é humano. Deus está calado.
é o mais antigo imposto à inteligência.
Há inteligências inconscientes - brilhos do espírito, correntes do entendimento, mistérios e filosofias - que têm o mesmo automatismo que os reflexos corpóreos, que a gestão que o fígado e os rins fazem de suas secreções."
"Tudo o que dorme é criança de novo.
Talvez porque no sono não se possa fazer mal,
e se não dá conta da vida, o maior criminoso,
o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural,
enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança
eu sinto com o pensamento.
Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver.
Para mim, pensar é viver e sentir
mais real me parece, porque menos depende
da minha subjectividade."
Sobre Fernando Pessoa veja ainda:
Link do canal YouTube CarlosAlbertoDidier para "A Poesia de Fernando Pessoa": https://www.youtube.com/playlist?list...
Link para a "Casa Fernando Pessoa": http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/
Link para o "Instituto de Estudos de Fernando Pessoa": http://arquivopessoa.net/
Link para site "Um Fernando Pessoa": http://www.umfernandopessoa.com/
Link para site argentino que colige e traduz as poesias de Fernando Pessoa: http://www.fpessoa.com.ar/
Link para um canal do YouTube inteiramente dedicado à poesia de Pessoa: http://www.youtube.com/user/odeapessoa
Poderá baixar (descarregar) o "Livro do Desassossego" do site "Domínio Público": http://www.dominiopublico.gov.br/pesq...
Lista de reprodução "A Poesia de Fernando Pessoa"
do canal YouTube CarlosAlbertoDidier.
Fontes:
CITADOR
Publicado em 11/07/2012 - Licença padrão do YouTube
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